quarta-feira, 21 de maio de 2008

Foto: Álvaro Marcos Teles
Décadas de abandono

Quem nunca ouviu falar que Campos é a “terra do já teve”? No esporte, a coisa não é diferente. Já teve muitos craques de futebol, bons times de basquete, um futsal de alta qualidade, representantes no atletismo que competiam de igual para igual com os melhores do estado, nadadores de ponta, ciclistas de categoria internacional... Mas já teve, principalmente, gente interessada em fazer acontecer. Conseqüentemente, a população lotava estádios, ginásios, ruas e até beiras de piscina.
Hoje o cenário é desolador como a foto acima, de uma das traves do campo do Sapucaia, equipe da usina de cana-de-açúcar de mesmo nome que levantou troféus e mais troféus há uns 30, 40 anos atrás. Culpa do poder público? Em parte, sim. Em boa parte. Ultimamente, e lá se vai um bom tempinho, qualquer iniciativa esportiva passa, quase que obrigatoriamente, pela rédea curta da prefeitura. Uma relação viciada, como ocorre em praticamente todos os outros setores.
Acabou o tempo das iniciativas próprias. Se o prefeito não libera o dinheirinho, não tem time, não tem atleta e não tem torcida organizada. Claro que não é fácil levantar verba de outra forma em uma região como a nossa. Mas também não há o mínimo de esforço neste sentido. Até os tradicionalíssimos campeonatos da “baixada da égua” dependem das migalhas vindas do poder executivo ou, então, da benesse de algum vereador “da área” em troca do nome na camisa da equipe. Na relação gol-voto, a torcida, do lado de cá, continua sendo por dias melhores. Parafraseando Roberto Moraes, Campos merece algo melhor.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois é irmão !

A cidade virou refém do poder público em vários aspectos.

As iniciativas próprias estão cada vez menos frequentes como se a responsabilidade de todo o município e de tudo que aqui se realiza fosse da Prefeitura.

Temos conhecimento de vários projetos sociais que funcionam pelo município sem verba pública, contando apenas com a solidariedade e compromisso social dos amigos dos menos favorecidos, inclusive na área do esporte.

E onde estamos nessa história todo ?

Qual é a nossa parcela de contribuição para que a prática atual comece a perder força.

Ajude-me a pensar nisso.

Um forte abraço,

Verônica

Álvaro Marcos disse...

Olá, Verônica.
Você tem razão quando diz que precisamos dar nossa parcela de contribuição. Eu e o companheiro Leandro Nunes tentamos, durante dois anos, contribuir de alguma maneira, na nossa área. Divulgando, incentivando e abrindo espaço para iniciativas pontuais. Hoje não coordenamos mais espaço em rádio e não publicamos mais nosso jornal. Mas continuamos, de maneira mais modesta, é claro, apostando naqueles que querem fazer. Leandro no www.jornalnarede.com.br e eu aqui. Mas é muito pouco, reconheço. Acredito que, além dos esforços de líderes comunitários e profissionais liberais, é preciso mais. Para ser realizada uma mudança significativa, sempre tem de haver os primeiros passos, é verdade. Mas a coisa passa, no meu entendimento, por uma mudança radical de mentalidade. E é um processo a longo prazo. Infelizmente. Estaremos por aqui, atentos. E sempre dispostos a colaborar.

Um abraço,
Álvaro

Anônimo disse...

Caro Álvaro,

Talvez se fizessem (MPF, PF, etc.) um levantamento do aumento dos bens e das riquezas dos dirigentes de clubes e organizadores de eventos que contam ou contaram com o dinheiro público, poderíamos ver para onde o dinheirinho público está indo, salvo raríssimas exceções.