terça-feira, 1 de abril de 2008

Foto: Site da BBC
Bola pra frente
Muito legal a atitude dos dirigentes do Botafogo em dar uma chance a Josimar na comissão técnica. É meio que um misto de reconhecimento pelo que ele fez ao clube e solidariedade a um ser humano que passa necessidades básicas. O MUMUNHA torce para que ele agarre a oportunidade como a maior chance de sua vida, e talvez uma das últimas, de dar um belo drible nas agruras que vinha amargando. Em junho do ano passado Josimar esteve em Macaé, participando de um torneio de Show Ball com a camisa do alvinegro carioca. Na época, o NA REDE, jornal deste blogueiro e do companheiro Leandro Nunes, fez uma matéria com o antigo lateral. O texto, segue abaixo.

Por Álvaro Marcos Teles

A vida de Josimar dá um livro. E com reviravoltas impressionantes. Da infância pobre, no Rio de Janeiro, ele chegou ao auge da carreira de jogador de futebol em 1986, quando disputou a Copa do Mundo do México. Autor de dois gols incríveis, foi eleito o melhor de sua posição. Influenciado por más companhias, acabou se envolvendo e abusando de álcool e drogas. Chegou a ser preso, anos mais tarde, por porte de entorpecente.

Conheceu, de perto, o fundo do poço. Agora, aos 45 anos, tenta reconstruir a vida comandando um centro social em Guadalupe, subúrbio do Rio. Apesar das idas-e-vindas, continua sendo reconhecido e idolatrado, principalmente pela torcida do Botafogo, clube que o revelou. E lembrado, sempre, como o autor de dois dos gols mais sensacionais da história das Copas do Mundo. Seus únicos, aliás, com a camisa da Seleção.

Josimar chegou ao time profissional do Botafogo em 1981. Cinco anos mais tarde foi a opção encontrada pelo técnico Telê Santana para a vaga de Édson Boaro, que, machucado, foi cortado da lista de convocados para defender o Brasil no Mundial. Lateral de estilo vigoroso e veloz, ele encantou o mundo ao balançar as redes contra a Irlanda do Norte e a Polônia em lindos chutes que tiveram proporções espetaculares.

Em 1989, Josimar entrou definitivamente para a história do Botafogo. Ele integrou o elenco campeão carioca. O título representou a quebra de um jejum de 20 anos. Na seqüência da carreira foi para o Flamengo, onde teve passagem rápida e discreta, sem marcar nenhum gol. Era o início de um período complicado em sua vida. Esteve ainda no Internacional de Porto Alegre e seguiu viagem para a Espanha, onde defendeu por curto período o Sevilla.

Na volta ao futebol brasileiro, pouco tempo depois, a decadência era evidente. Rodopiou por Bangu, Novo Hamburgo e Uberlândia. Em 93 foi parar atrás das grades ao ser flagrado com drogas. Era novamente manchete, só que, desta vez, das páginas policiais. Tentou reconstruir a vida no desconhecido Baré, de Roraima, região Amazônica. Ainda esteve no Rio das Ostras e no Coelho da Rocha, ambos do estado do Rio de Janeiro, antes de encerrar a carreira, aos 39 anos, no Mineiros da Venezuela.

Josimar é pai de três filhos, um deles com o mesmo nome, também lateral direito e que joga nas divisões de base do Botafogo com a mesma volúpia apresentada pelo progenitor. “O nível do futebol brasileiro está excelente. Tem sempre surgido novos valores e os jogadores veteranos também estão atuando bem. Acho que o momento é muito bom”, comentou o antigo lateral, hoje convertido a uma religião evangélica. Uma lição do esporte, Josimar guardou para sempre: a fé em dias melhores.

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